domingo, 8 de agosto de 2021

AS DOENÇAS DO PONTO DE VISTA DA MEDICINA CHINESA

 


O sistema Pi (Baço) tem como função produzir a transformação e transporte dos alimentos para serem absorvidos, por isso exerce papel importante na formação de Xue (Sangue) e de Qi, ainda mantém o Xue dentro dos vasos sangüíneos impedindo os extravasamentos, domina as carnes e os músculos, abre-se na boca e manifesta-se nos lábios, responsável pelo paladar, abriga o Yi (Intenção) e sua emoção é a preocupação.

 

 DOENÇA: PÂNCREAS

CAUSA: ABRIR-SE PARA A VIDA E AS PESSOAS, EXTRAINDO O MELHOR DA SITUAÇÃO, ALEGRIA E DESCONTRAÇÃO EM VIVER

 

 Depois do fígado, o pâncreas é a glândula mais volumosa do sistema digestivo. Sua função mista produz tanto enzimas digestivas quanto o hormônio da insulina, que é lançado para a corrente sangüínea.

 

Como todas as glândulas, o pâncreas depende das condições emocionais e psicológicas da pessoa, fatores responsáveis por seu bom ou mau funcionamento. A disposição do indivíduo em aceitar com doçura as coisas que ocorrem em seu meio é a condição básica para um perfeito funcionamento do pâncreas. O ser que se desencantou com tudo à sua volta vive hoje numa recusa em acatar atitudes e fatos, permanecendo indiferente ao que estejam fazendo. Essa perda de vitalidade se reflete na dificuldade de assimilação de proteínas pelo organismo.

 

 

 

As proteínas estão presentes em grande quantidade nos alimentos orgânicos, carnes e vegetais. A absorção das proteínas representa uma abertura para acatar aquilo que advém das pessoas, bem como aproveitar o que de melhor elas nos trazem. Aquela pessoa que não digere nem assimila satisfatoriamente as proteínas demonstra-se desconfiada das intenções dos outros.

 

 A carência de proteína resulta em perda de vitalidade física, expressando a falta de motivação para agir diante das contrariedades. Essa pessoa passa a ver a vida com acentuada desconfiança, pessimismo e amargura, chegando a perder a própria alegria de viver, como veremos mais adiante, na diabetes. Esse estado em que se encontra termina por reduzir a secreção pancreática. Essa insuficiência também é decorrente das críticas guardadas para si e nunca externadas.

 

Como vimos até aqui, absorver alegremente os acontecimentos de nosso meio constitui-se em fator fundamental para um perfeito funcionamento do pâncreas. Para que isso ocorra, o humor passa a ser ferramenta de base para se tirar proveito de situações contrárias.

 

 

 

Encarar os desafios com alegria favorece um maior fluxo de vida, suavizando complicações do dia-a-dia. Aquele que não se permite contagiar pelo negativismo ou derrotismo dos que o cercam retira sempre o melhor que a vida pode lhe proporcionar.

 

O otimismo, enfim, regula a função metabólica do pâncreas, resultando em saúde e vitalidade física. Ao contrário, o pessimismo é o "pivô" da redução nas funções pancreáticas.

 

 O pessimista, com sua visão de derrotas, age como se a vida conspirasse contra ele. Comporta-se como se as pessoas à sua volta quisessem apenas tirar proveito da situação para fins próprios. Tem certeza de que nada do que possa acontecer poderá lhe servir para a sua realização pessoal. É desconfiado, sente-se sempre lesado em qualquer situação e freqüentemente acha-se perseguido.

 

Para uma clara idéia a respeito da distinção entre o otimista e o pessimista, nada melhor que o exemplo do bolo: alguém chega e encontra um pedaço de bolo sobre a mesa. Se for otimista, dirá: "Que bom! Fizeram um bolo hoje e se lembraram de mim!"; se for pessimista, não deixará por menos, dirá logo: "Deixaram só isso? Só porque eu saí e cheguei mais tarde, fizeram bolo e já comeram quase tudo".

 

Quase todos os distúrbios do pâncreas são difíceis de ser diagnosticados. A razão disso se deve à sua posição bastante oculta, aos quadros tão variáveis e a uma evolução silenciosa.

 

Assim, as pessoas que persistem em atitudes comprometedoras que correspondem aos padrões metafísicos das disfunções pancreáticas enganam-se achando que têm suas razões para serem ou agirem daquela maneira.

 

Essa percepção errônea vem do fato de que aquilo que sentem acaba acontecendo. No entanto, visto que criamos tudo aquilo em que acreditamos, elas se sentem meras vítimas de suas próprias crenças.

 

A mente, associando acontecimentos atuais com situações dolorosas do passado, provoca grande desconforto no presente. Essa associação pode ser consciente ou inconsciente. A partir do momento em que se passa a entender o real significado do humor e do otimismo, o indivíduo é levado a abandonar os conceitos do passado, que nada têm a ver com as situações do presente, e a vivenciar livremente as novas experiências de sua vida.

 

Apesar de se parecerem ou acabarem efetivamente num desfecho indesejável, essas situações apenas compartilharam de um mesmo cenário recriado por nossa mente, com base única em seus registros secretos. Isso acontece para que possamos absorver delas o melhor, aprendendo a conviver com aquele tipo de experiência. Enquanto esse aprendizado não for satisfatório, continuaremos a deparar com seguidas situações que venham a nos recordar fatos passados, em sua maioria mal resolvida.

 

Poderemos, então, ter a chance de atuar de uma maneira diferente da qual antes atuamos, colhendo desta vez resultados melhores, encerrando um ciclo de experiências. Use sua capacidade de renovação e seja novo a cada instante de sua vida. Fique com o melhor dos acontecimentos já vivenciados, não trazendo para o presente as marcas de um passado que você não soube aproveitar ou sobre o qual você não soube atuar. Bastando tão-somente deixar fluir os potenciais latentes na alma, seremos novos a cada instante, construindo finais felizes em todos os novos ciclos que se abrirem na vida.

 

DOENÇA: DEPRESSÃO NO PÂNCREAS

CAUSA: A DEPRESSÃO É UM QUADRO PSICOLÓGICO QUE ACOMPANHA AS PRINCIPAIS DOENÇAS PANCREÁTICAS

 

Os desvios da função pancreática têm relação direta com as síndromes depressivas. O depressivo apresenta baixa auto-estima, apatia e desânimo quando a depressão é mais leve, revela-se quieto, infeliz, pessimista, com sentimento de inadequação e autodepreciação.

 

É incapaz de tomar decisões, preocupando-se demais com seus próprios problemas. Na depressão mais profunda, toda experiência é acompanhada por sofrimento mental, melancolia, desânimo, fadiga, insônia, dificuldade de decisão e concentração, chegando ao desespero nas situações mais agudas.

 

O depressivo se sente rejeitado. E carente de afeto, apesar de alguns se mostrarem frios nas relações. Essa frieza é seu mecanismo de defesa para não se machucar ainda mais pelas relações afetivas.

 

A superproteção e a expectativa vivenciada durante a infância são agravantes para a manifestação da depressão no adulto. Em momentos que requeiram decisões, essa pessoa pode facilmente entrar em depressão.

 

As crianças não estão isentas de depressão, sobretudo quando se sentem desamparadas e rejeitadas. Nessa condição, fazem conceitos negativos de si mesmas, considerando-se "tolas", "medíocres", "ruins" ou "fracassadas". Podem também sofrer de insônia, sono exagerado, dores de cabeça, mal-estar e perda de apetite. Necessitando de estímulo e encorajamento, podem passar por preguiçosas. As crianças deprimidas geralmente são encontradas em famílias separadas, onde há ausência dos pais.

 

O problema pode ocorrer também quando há morte de um deles, ou quando um deles retira seu interesse pela criança. Uma vez que o estado depressivo tem relação direta com problemas no pâncreas, vejamos as características específicas de algumas das principais doenças que afetam esse órgão.

 

 

DOENÇA: PANCREATITE

CAUSA: RAIVA, FRUSTRAÇÃO E AMARGURA

 

Pancreatite é a inflamação do pâncreas, apresentando-se na forma aguda e crônica. No caso agudo, ela pode ser hemorrágica, causando intensas dores abdominais e vômitos.

 

O indivíduo portador de pancreatite não costuma expressar sua agressividade. Temendo enfrentar os obstáculos que possam surgir, recusa-se a externar sua frustração por não ter recebido da vida e dos outros aquilo que foi idealizado em seu mundo interno. Essa força destrutiva acaba sendo usada contra si, fazendo com que ele se torne amargo, pessimista e mal-humorado. Simultaneamente a esse estado interno, o pâncreas apresenta uma inflamação. Possuem tendências a serem dramáticas, tudo que acontece à sua volta é motivo para um grande dramalhão.

 

A raiva, juntamente com a frustração e a amargura, é a raiz da pancreatite. Na mesma proporção em que a pessoa nega o lado dócil da situação, ela interfere nas funções pancreáticas, dificultando o metabolismo dos nutrientes alimentares associados à doçura.

 

Quem sofre de pancreatite vive um estado de depressão profunda, sentindo-se rejeitado e mal-amado. Acredita que o mundo conspira contra ele, tornando-se impertinente e desconfiado. A pancreatite aguda apresenta sintomas de dor e desconforto abdominais. A irritação da pessoa com as coisas desagradáveis chega a tal ponto que ela termina por perder a capacidade de perceber as coisas boas ou as vantagens de uma situação. Acaba sua habilidade em transformar o que a incomoda nos outros ou nas situações. Torna-se insensível e amarga. Recusa-se a ver as atitudes agradáveis dos outros e as manifestações de afeto, apenas para não se machucar novamente nas relações interpessoais. Esse comportamento tem relação direta com a presença de pus e a mortificação dos tecidos pancreáticos.

 

A pancreatite aguda pode ser hemorrágica, geralmente levando à presença de sangue oculto nas fezes. Interpretado pela metafísica, esse quadro revela o quanto a pessoa se perdeu, deixando de fazer uso de um estado de espírito alegre e bem-humorado. Na pancreatite crônica, pode-se observar a preocupação da pessoa em exagerar no humor, satirizando negativamente uma situação. Costuma fazer uso exagerado do álcool para escrachar suas frustrações, busca destruir aquilo que não admite na vida. Essa atitude de descontrole mostra sua dificuldade em transformar a doçura da situação em motivação e energia para se impor e conquistar seu espaço na vida, sendo próspero e bem-sucedido.

 

Na pancreatite crônica ocorre um aumento do tecido que reveste parte do pâncreas, causando a destruição das ilhotas que produzem a insulina. A destruição dessas ilhotas reduz a secreção de insulina e causa intolerância à glicose. Paralelamente a esse quadro clínico, observa-se que a pessoa abomina tanto a sua alegria quanto a dos outros. Aqueles que se mostram alegres estariam "rindo da situação", e isso é motivo ainda maior para sua saúde.

 

O Baço e o Pâncreas

 

Esses dois órgãos participam da digestão (pâncreas) – através das secreções que libertam no intestino delgado – e da composição do sangue (baço) – através da produção e do armazenamento de glóbulos vermelhos e brancos. O pâncreas gera, através da insulina que fabrica, a taxa de açúcar que temos no sangue, e, através do suco pancreático, ele participa ativamente da digestão dos alimentos preparados pelo estômago. Estamos no Princípio energético da Terra com os órgãos “necessitados e trabalhadores”, principalmente mobilizados quanto à tarefa digestiva. São os executantes “sérios e sensatos”.

 

 Os males do baço e do pâncreas

Eles significam que temos uma tendência a atravessar a vida com sensatez demais, ou seja, não deixando espaço suficiente para o prazer, para a alegria. O dever é importante, sendo que o profissional e o material são as coisas essenciais. A vida então sente falta daquela doçura de que todos nós temos necessidade. As preocupações materiais interiorizadas e as angústias obsessivas, o medo de sentir falta ou de não saber, de não estar à altura, estes são os sinais expressos pelos problemas do pâncreas ou do baço. A tendência a viver no passado, por medo de não produzir o presente, ou o fato de cultivar memórias desse passado podem se manifestar através de tensões ou de doenças nesses dois órgãos. A necessidade de corresponder às normas, de respeito às regras, até mesmo de dependência em relação a elas pode ser exprimida através dos desequilíbrios do baço ou do pâncreas. Isso se encontra no nível energético, pois é a energia do Baço e Pâncreas que se encarrega, entre outras coisas, do ciclo menstrual e da manifestação cíclica, que normalmente chamamos de “regras”. Essa necessidade também se reencontra no diabetes, pois as pessoas envolvidas por esse desequilíbrio devem sempre vigiar o aspeto da “regularidade” na sua vida. Os horários das refeições e todos os costumes da vida devem ser perfeitamente “acertados” e respeitados o mais escrupulosamente possível, sob o risco de desencadear uma doença.

 

Os desequilíbrios pancreáticos podem tomar duas formas: a hipoglicemia (falta de açúcar no sangue) e a hiperglicemia ou diabetes (excesso de açúcar no sangue). O que é que o açúcar representa na nossa vida? Ele é a doçura, a gentileza e, por extensão, vem a ser uma prova de amor ou de reconhecimento. Em todas as culturas do mundo, ele é a recompensa, o presente que se dá às crianças quando tiveram bom comportamento (respeitaram as regras), quando tiraram boas notas na escola (responderam às normas) ou simplesmente quando temos vontade de agradá-las. Esse presente muitas vezes é “maternal”.

 

 A presença excessiva de açúcar no sangue exprime que temos dificuldade para gerar, para viver ou para obter doçura na nossa vida. A diabetes muitas vezes quer dizer que a pessoa teve um pai excessivamente e mesmo, às vezes, injustamente autoritário (excesso de regras e de normas), e que ela encontrou um “refúgio” na doçura protetora da mãe. A alimentação (mãe) se torna, então, um paliativo, um exutório importante e o diabetes, a conclusão lógica de um ganho de peso progressivo, porém garantido. Alguns choques psicológicos fortes, no decorrer dos quais o indivíduo enfrenta a destruição brutal das seguranças ou crenças afetivas, podem ser expressos pela aparição de um diabetes. Vou citar o caso de uma jovem que me veio consultar pois queria ter um filho, mas o seu diabetes a impedia. A análise da sua situação nos fez remontar a um drama que havia vivido na sua infância. Um dia, quando tinha 7 anos, ela estava andando na beira da estrada na companhia da sua irmã. Um carro, que vinha no sentido inverso, saiu da estrada sem motivo algum e feriu violentamente essa irmã mais nova que ela adorava. Foi com um terror indescritível que ela viu a sua irmã morrer bem diante dos seus olhos e, durante várias semanas, ficou sem poder falar nem exprimir o seu sofrimento diante da perda do que lhe era mais querido, do que preenchia a sua vida com doçura. Seis meses mais tarde, os primeiros sinais de diabetes apareceram. Após três sessões de trabalho sobre essa memória emocional e sobre as energias em questão, sua taxa de açúcar se pôs a baixar lenta, porém progressivamente. Eu aconselhei que ela consultasse paralelamente um amigo, um médico homeopata, para que o nosso trabalho fosse acompanhado por uma assistência médica “inteligente”, ou seja, destinada a estimular as suas funções pancreáticas e não a substituí-las. Ia-me esquecendo da coisa mais importante: há alguns meses, essa jovem teve uma menina.

 

 A hipoglicemia (insuficiência de açúcar) nos fala, por sua vez, de um sofrimento inverso à ideia de incapacidade, à dificuldade de receber, de aceitar, de achar que tem direito à doçura. É o caso frequente de crianças não desejadas pela mãe ou cujo pai foi “ausente”. A ausência de refúgio materno produz uma amálgama negativa em relação à alimentação, que não é querida, até mesmo não é aceite (anorexia) ou que é assimilada somente quando há necessidade. Mas isso é feito sem prazer e sem doçura, com o mínimo de “açúcar”. A busca pelas normas ou pelas regras ausentes resulta num físico anguloso e macilento, em que as formas redondas (doçuras) estão ausentes.

 

 Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul


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