por Dr. Fábio Pisani |
Quando falamos no fígado, do
ponto de vista energético, estamos falando do fígado propriamente, da vesícula
biliar, dos olhos, dos ombros, dos joelhos, dos tendões, das unhas, dos seios,
e todo o aparelho reprodutor feminino, desde ovários, trompas, útero e vagina.
Por esse motivo, na MTC (medicina chinesa) se diz que o fígado é o órgão mais
importante para a mulher, assim como o rim é para o homem.
A energia do fígado é responsável
por manter o livre fluxo da energia total do corpo. Como o movimento do sangue
segue o movimento da energia, dizemos que o fígado direciona a circulação do
sangue e regula também o ciclo menstrual. Mas o papel mais importante, sem
dúvida é sobre o equilíbrio emocional, é a energia do fígado quem vai nos fazer
responder a todos os estímulos emocionais, 24 horas por dia sem parar; daí já
se deduz o desgaste intenso ao qual é submetido este sistema, e pouquíssimas
atitudes são tomadas para auxiliar o fígado nesta tarefa, pelo contrário a
nossa cultura parece fazer tudo para impedir o equilíbrio. Como todas as
emoções boas ou más passam pelo fígado, não devemos reprimi-las a todo momento.
A repressão das emoções provoca um bloqueio da energia que vai levar à formação
de calor no fígado. Este desequilíbrio energético pode se manifestar de várias
formas. Dependendo da sua localização, podemos ter uma insônia, uma enxaqueca,
uma precordialgia, uma hipertensão, uma gastrite, uma tensão pré menstrual, e
por aí vai.
Os adoecimentos podem ser de dois
tipos, por falta ou por excesso de energia, ou usando um termo mais técnico,
por vazio ou plenitude. Em relação às emoções que lesam mais especificamente o
fígado vamos ter, num quadro de plenitude, a raiva, mais exatamente a raiva
reprimida e, num quadro de vazio, o pânico, que agora virou síndrome de pânico.
Cabe aqui fazermos uma distinção entre sentimento e emoção. Os sentimentos
geralmente fortalecem os órgãos e servem como mecanismos de defesa para o nosso
organismo. Por exemplo, uma sensação de apreensão é diferente do medo. A
primeira nos coloca num estado de alerta diante de uma certa situação, sem nos
limitar em nada, nos protegendo dos perigos. O medo por sua vez nos limita e
nos paralisa. A mesma coisa em relação a uma certa irritação que nos leva a
reagir quando somos atacados ou nos sentimos lesados, que é diferente da raiva
que tem um grau mais intenso. O importante é entender que todos os sentimentos
atuam bem no organismo, tudo depende da intensidade e por quanto tempo.
Da mesma forma que o sal, o
orégano e a pimenta são temperos usados na alimentação, os sentimentos são o
tempero da nossa existência. A qualidade de nossa vida dependerá da quantidade
e da forma com que serão usados.
Como já foi dito, o fígado rege
praticamente todo o sistema reprodutor feminino e é responsável por alterações
no seu funcionamento que vão desde alterações no ciclo menstrual, os cistos de
ovário, miomas uterinos, corrimentos vaginais, prurido vaginal, alterações da
libido, como frigidez e impotência. Em algumas doenças só a energia do fígado
está em desarmonia, e em outras existe também desequilíbrio de outros órgãos.
O fígado rege as articulações do
ombro e joelhos e também os tendões de modo geral. Assim sendo, as bursites e
as dores nos joelhos sem causa aparente, são sinais de comprometimento da
energia do fígado. As tendinites e os estiramentos freqüentes também estão
neste grupo.
Os olhos são a manifestação
externa do fígado, e suas patologias também vão nos indicar algumas alterações
no fígado, as mais comuns são as conjuntivites, os olhos vermelhos sem processo
inflamatório, os terçóis, os pontos brilhantes que aparecem no campo visual e
outros.
As unhas são outra manifestação
externa das condições do fígado, e as suas deformidades ou a presença de micose
vão nos sugerir algum comprometimento na estrutura yin do fígado, ou
desequilíbrio prolongado da energia do fígado.
Para concluir, o fígado comanda o
funcionamento do sistema nervoso e é o responsável pelas alterações funcionais
como as várias formas de epilepsia, as alterações no raciocínio, os desmaios e
as perdas de consciência de modo geral, e as doenças degenerativas como o
Parkinson.
Todo órgão está acoplado a uma
víscera que, no caso do fígado, é a vesícula biliar, que em geral tem um papel
secundário para o funcionamento do sistema. Resumidamente, a vesícula atua
mantendo o nosso equilíbrio postural. Todos os quadros de tonturas, vertigens,
labirintites estão ligados a ela. Rege a articulação têmporo-mandibular (ATM).
Todas as tensões que ficaram retidas no fígado podem descarregar nesta região e
produzir um quadro de ranger os dentes (bruxismo), que se manifesta mais
freqüentemente durante o sono. A nível emocional a vesícula biliar comanda o
nosso processo de decisão, e seus desequilíbrios vão se apresentar na forma de
indecisões ou mesmo desorientações, perda de rumo.
A lágrima é a secreção interna
que ajuda a aliviar o fígado. Deste fato vem a importância de não se reprimir o
choro, embora nem sempre seja conveniente socialmente. Mas, pode acreditar,
conter o choro faz mal à saúde.
Agora que já temos uma ideia de
como é estar com a energia do fígado desequilibrada, vamos fazer alguma coisa
para ajudar. O mais importante é a harmonia das emoções, isto é, as emoções não
devem ser reprimidas. Nós devemos senti-las e deixá-las fluir, evitando o apego
emocional. Depois, evitar os medicamentos químicos, as bebidas alcoólicas, os
temperos picantes, se não puder evitar, usá-los com moderação. Na alimentação,
optar pelas coisas de cor verde, e usar de preferência verduras cruas.
Fonte: Despertar Coletivo