O SER CONSCIENTE E O ESTAR CONSCIENTE
Apesar de muitas vezes empregado com o mesmo sentido, o termo Ser
consciente não significa o mesmo que Estar consciente, muito embora haja uma
estreita interdependência entre ambos.
Na ótima definição de Ana Beatriz Barbosa Silva no livro Mentes
Perigosas, “Ser consciente refere-se à nossa maneira de existir no mundo. Está
relacionado à forma que conduzimos nossa vida e, especialmente, às ligações
emocionais que estabelecemos com as pessoas e as coisas no nosso dia a dia”.
Permito-me acrescentar que Ser consciente é também se relacionar de forma ética
com toda e qualquer forma de vida que habita este Planeta, reconhecendo,
respeitando, sustentando e aceitando suas necessidades e características
únicas, garantindo, assim, o seu direito de existir e de se realizar enquanto
espécie.
Ser consciente é amar, sem condições e sem reservas, toda expressão de
vida!
Já Estar consciente é ter ciência e capacidade de raciocinar e de
processar os fatos que vivenciamos bem como, nossas reações físicas e mentais.
Não se trata apenas de estar alerta ou lúcido, mas, muito mais do que isto,
Estar consciente significa estar atento aos próprios pensamentos e aos
sentimentos e emoções que determinam nossos comportamentos e atitudes, no exato
momento em que elas acontecem. Em uma frase: Estar consciente é desligar o
“piloto-automático”.
Não há quem não saiba o quanto é difícil este Estar consciente. Na
maioria das vezes reagimos automaticamente aos fatos que julgamos ameaçadores,
nos defendendo ou atacando, e fazemos isto sem de fato parar e avaliar se o
perigo realmente existe ou é uma mera percepção distorcida.
Este tipo de atitude leva à conclusão errônea de que tudo que importa
vem de fora e, portanto, somos vítimas das circunstâncias e das pessoas. Na
verdade não nos passa pela cabeça que nós próprios podemos ter criado, com
nosso comportamento e atitude, tais ameaças ou então, que não percebemos
com clareza, em virtude dos nossos condicionamentos, o que de fato acontece.
Sem Estarmos conscientes, não assumimos a nossa auto responsabilidade,
não reconhecemos o que temos que mudar em nós, não nos aceitamos como somos e,
portanto, não mudamos. Sem mudança, o mundo exterior continuará ameaçador,
viveremos numa luta constante pela sobrevivência, concorrendo por posições e
reconhecimento, competindo por espaço, lutando permanentemente uma luta
inglória de vida e morte.
O Não Estar consciente inviabiliza o Ser consciente, e cria um círculo
vicioso que retro-alimenta a confusão, o estresse, o medo, a dor e o
sofrimento.
Por Ricardo Porto
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