A busca do ego pela plenitude
por Eckhart
Tolle
Um aspecto do sofrimento emocional é a profunda sensação de
falta, de incompletude, de não se sentir inteiro. Em algumas pessoas isso é
consciente, em outras, não. Quando está consciente, a pessoa tem uma sensação
inquietante de que não é respeitada ou boa o bastante. Na forma inconsciente,
essa sensação se manifesta indiretamente como um anseio, uma necessidade ou uma
carência intensa. Em ambos os casos, as pessoas podem acabar buscando
compulsivamente uma forma de gratificar o ego e preencher o buraco que sentem
por dentro. Assim, empenham-se em possuir propriedades, dinheiro, sucesso,
poder, reconhecimento ou um relacionamento especial, para se sentirem melhor e
mais completas. Porém, mesmo quando conseguem todas essas coisas, percebem que
o buraco ainda está ali e não tem fundo. As pessoas vêem, então, que estão
realmente em apuros, porque não podem mais se enganar. Na verdade, elas
continuam tentando agir como antes, mas isso se torna cada vez mais difícil.
Enquanto o ego dirige a nossa vida, não conseguimos nos
sentir à vontade, em paz ou completos, exceto por breves períodos, quando
acabamos de ter um desejo satisfeito. O ego precisa de alimento e proteção o
tempo todo. Tem necessidade de se identificar com coisas externas, como
propriedades, status social, trabalho, educação, aparência física, habilidades
especiais, relacionamentos, história pessoal e familiar, ideais políticos e
crenças religiosas. Só que nada disso é você.
Levou um susto? Ou sentiu um enorme alívio? Mais cedo ou
mais tarde, você vai ter que abrir mão de todas essas coisas. Pode ser difícil
de acreditar, e eu não estou aqui pedindo a você que acredite que a sua
identidade não está em nenhuma dessas coisas. Você vai conhecer por si mesmo a
verdade, lá no fim, quando sentir a morte se aproximar. Morte significa um
despojar-se de tudo o que não é você. O segredo da vida é “morrer antes que
você morra” – e descobrir que não existe morte.
(Trecho do livro O Poder do Agora)
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