A luz da consciência.
Existe uma fórmula para curar a
mente que ainda não foi compreendida nem pelo ocidente e nem pelo oriente.
Aqui, no ocidente, as técnicas terapêuticas pregam a analise de todo o passado.
A pessoa é estimulada a passar toda a sua vida numa peneira. Ela precisa
analisar todo o seu passado, de cabo a rabo, até eliminar toda memória
causadora do sofrimento, e esse não é o caminho. Analisar e compreender as
causas tem lá a sua valia, mas não basta, até porque o passado é um buraco sem
fundo e a pessoa precisaria de muitas vidas para resolver todos os problemas de
uma única só vida; e enquanto fizesse isto outros novos problemas surgiriam e
precisariam ser resolvidos em outras vidas adiantes. Isso é impossível de ser
feito. Fazer isso é o mesmo que tentar secar uma geleira.
Não dá para mudar o passado. O passado
não é mais algo em potencial e nem relativo, ele é um fato. O que aconteceu não
pode ser mudado e, na melhor das hipóteses, só poderá ser entendido, mudando a
sua percepção sobre ele e fazendo com que você consiga substituir a palavra
sofrimento por aprendizado, não sendo isto ainda suficiente, pois em seu
subconsciente ainda ficaria a mensagem de que aprendizados são difíceis, logo,
sofríveis. E se algo é sofrível você tende a não querer fazer, ocasionando o
bloqueio de qualquer outra oportunidade de aprender, seja lá o que for.
Analisar significa entrar no problema, e para entrar nele você está dando
energia para essa tal coisa, ou seja, alimentando aquilo que você não quer mais
que viva. Portanto, você mesmo estará dando comida para o lobo mal do qual
sente tanto medo. Entenda bem, compreender as causas dos seus problemas é
importante. É impossível transcender algo que você não sabe o que é. Mas,
tentar mudar o passado, ou fazer de conta que ele não foi tão ruim quanto você
pensa é ilusão, é mentira. E na mentira nada se resolve.
É bem provável que a sua raiva
atual esteja relacionada com algo que aconteceu em seu passado. A raiva tem que
nascer em algum momento, e isso representa algo que já passou. Mas e daí? O que
importa onde ela nasceu? E se essa raiva veio de outra vida? E se essa raiva
veio de uma vida bem distante? Quantas regressões terão que ser feitas para se
chegar até a causa principal dela?
Percebe o tamanho do buraco que
você estará entrando?
Mais importante do que saber o
"onde" algo surgiu, é aprender "como" lidar com ele. Isto
é, estar consciente do que acontece com você e praticar o testemunho disto.
Quando você é uma testemunha das energias que estão dentro de você,
automaticamente estará consciente de cada uma delas, e não existe espaço para a
consciência e para a raiva ocuparem simultaneamente. Só existe espaço para uma
delas. Se você está consciente a raiva não pode estar presente. Se a raiva está
presente você não está consciente. Onde tem consciência só existe consciência.
Consciência é luz, e na luz não existe escuridão. Nenhuma escuridão pode
existir onde a luz está presente. A luz ilumina tudo, e o que está claro não
pode ser ameaçador.
Torne-se consciente da sua raiva
e ela irá embora. Torne-se consciente do seu medo e ele irá embora. Onde a
consciência está presente nada pode existir que não seja ela mesma. Você só
tropeça no escuro. No claro você não tropeça. A raiva, o ciúme, a insegurança e
a avareza são peças jogadas num quarto. Se o quarto está no escuro você tropeça
nelas, mas, se a luz está acesa, não.
Portanto, o caminho para a cura
mental é a compreensão do que aconteceu e dos impactos disto em sua vida, mas,
principalmente, da observação sem julgamento de tudo o que você sente. Ou seja,
sendo uma testemunha de si mesmo, sendo aquele que está no alto de uma montanha
observando tudo o que acontece nela, mas sem interferir na natureza que as
acompanha.
E como estar consciente a partir
da observação?
O passado é um peso morto. Ele é
um fardo que você carrega junto de si, para cima e para baixo, como se fosse
uma sombra.
É necessário que se encerre os
ciclos vividos. Se você terminou um relacionamento, não traga mais ele para o
seu momento presente. Se você brigou com alguém, ou se foi injustiçado, não
traga essa briga ou a sensação de ser uma vítima para o seu agora. Toda vez que
você se lembra da agressão que possa ter sofrido no passado, ao acessar essa
memória, é você mesmo que está se agredindo, e não mais aquele que o agrediu.
Não importa o que tenha acontecido ontem, ano passado, ou há dez anos atrás.
Isso não é mais real e deve ficar lá trás, e não aqui. Não importa se o passado
é bom ou ruim. Você teve ótimas e péssimas experiências, mas nenhuma delas
existem mais, elas são mortas e devem ser liberadas. Você deve se desapegar de
toda essa bagagem velha, pesada e inútil.
Trazer o passado para a sua vida
é assassinar o momento presente, pois o passado é morto e nada que esteja morto
pode tocar a vida. A vida existe, ela está acontecendo agora, mas ao trazer as
suas memórias passadas para ela, você a transformou nesse mesmo passado. Você a
matou. Você tirou a vida dela e perdeu mais uma oportunidade de experimentar
essa vida.
Você fez muitas viagens deste que
chegou aqui, neste planeta, nessa vida. A sua roupa está cheia de pó. Ela está
suja, muito suja. Não é mais possível distinguir a roupa da sujeira,
aparentemente elas são uma coisa só. A roupa é a mente. A poeira são as
memórias. E não adianta mais tentar lavar essa roupa. Quando alguma coisa está
encardida não adianta lavá-la, não adianta colocar uma série de produtos
químicos para limpá-la, pois pode até ser que as manchas saiam, mas outras
serão deixadas por causa dos produtos que foram usados para limpá-la e, por
isso, continuarão sujas. Portanto não as lave, arranque essas roupas e jogue-as
fora, simplesmente. Saiba que por trás dessas roupas existe algo. Talvez você
tenha esquecido porque está muito acostumado a usar roupas. Você está
identificado com essas roupas sujas e acha que elas são parte do seu ser, mas não
são. Por trás das roupas existe você, e, mesmo que você se confunda com elas,
elas nunca poderão ser você. O que você é não pode ser mudado por nada que o
encubra.
Saiba que, para se abrir ao novo,
é necessário que antes você abandone o velho. É necessário soltar as memórias,
todas elas. Você vive julgando e rotulando tudo o que vê porque traz as
memórias do passado, isto é, aquilo que você viveu e classificou naquela
ocasião para o seu momento presente. Ou seja, traz as suas percepções para tudo
aquilo que se apresenta em sua vida e, por isso, acaba deixando de ver o real
para que, a partir da limitação criada pela sua crença, projete todas as suas
memórias naquilo que presencia ou vive no momento atual, reproduzindo todas as
mesmas situações desgastantes do passado e, muitas vezes, sem se dar conta
disto. Se você teve um relacionamento difícil, tende a projetar esse mesmo
relacionamento frustrante do passado em seu presente. Se você teve um chefe
ordinário, tende a reproduzir essa mesma realidade em seu novo emprego. Não
adianta mudar o cenário nem os personagens, você sempre vai atrair para a sua
vida o que acredita ser real. A vida não acontece de acordo com o que você
quer, ela acontece de acordo com aquilo que você é. A sua vida é o que você
acredita ser. Você atrai para a sua realidade tudo que ressoa com seu campo
vibratório. Portanto, não adianta querer fugir das experiências passadas
negando-as e chamando-as de ruins, pois, enquanto a memórias estiverem ativas e
com uma crença equivocada sobre determinado assunto, tudo se repetira, até que
você resolva curar e liberar.
A mente só identifica o que ela
conhece, e o que ela conhece é aquilo que você viveu, seja essa experiência
positiva ou negativa, portanto, a sua mente sempre irá buscar novas
experiências que sejam similares as do passado. Esse é o papel da mente, e isso
só muda quando você libera tais memórias entendendo que elas são apenas
"memórias" e que, portanto, devem ser neutras.
O ser humano se tornou uma
máquina de reproduzir o passado para o presente. Você se tornou incapaz de
enxergar a realidade que simplesmente é. E, enquanto isso acontecer, a vida e o
encanto virgem que caminha com ela não se mostrará a você.
Viver o momento presente é mais
do que se fixar no agora e tentar não pensar. Ele é, antes de qualquer outra
coisa, a alteração da sua percepção sobre o tempo.
Viver o agora é permitir que
novas experiências entrem em sua vida sem distorcê-las de acordo com a sua
percepção; é estar aberto para conhecer o novo, assim como uma criança o faz,
tendo a oportunidade de voltar a se encantar com a simples, porém, bela e
graciosa vida que se apresenta a cada instante diante de você.
Diogo Beltrame
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